Charles Julius Dunlop (1908–1987) nasceu em Niterói. Em 1913 já havia se mudado para a capital Rio de Janeiro com seus pais, Raoul e Olga, o irmão mais velho, Roberto, e sua irmã Edith. Moraram no bairro de Copacabana até 1919, quando então viajaram para a Inglaterra já com o irmão caçula, Edgar.
A Grã-Bretanha foi sua casa até o final de 1920, ano em que a família Dunlop retornou ao Brasil. De volta ao Rio, foram morar na Villa da Saudade, um casarão no Silvestre, hoje, sub-região do Cosme Velho. Passou pela British School, Colégio Lafayette e Pedro II, formando-se em Direito, em 1931, pela Faculdade de Direito, no Catete.
Em fevereiro de 1945, Charles casou com Ivette Martin Stiebler, com quem teve seus filhos, Mario, Roberto e Silvia. Louro, alto e de olhos azuis, Charles, ou Carlos, como sua família o chamava, apresentava os traços europeus herdados da mãe. Descendente de alemão, Charles Dunlop adotou o Rio como sua terra.
Foi grande esportista, praticando voleibol e basquete, na Associação Cristã de Moços (ACM) e no Fluminense. Jogou vôlei na praia e malhava até seus 60 anos. Aos 18, em 1927, ingressou no departamento jurídico da Light, companhia de energia elétrica, onde se aposentou 49 anos mais tarde. Entre 1957 e 1960 foi presidente da Companhia Ferro-Carril Carioca, administradora dos bondes de Santa Teresa.
Em 1957, ao ser perguntado de onde surgira esse interesse pelo Rio antigo, o próprio não soube precisar. Sem dúvidas, a influência de Augusto Malta foi essencial para seus trabalhos. Em meados da década de 1930, Malta, então fotógrafo oficial da Prefeitura, foi designado para cobrir a inauguração de uma usina de força da Light. A partir desse contato, Charles tomou fascínio pela fotografia e, ao final da década de 1950, já contava com aproximadamente mil retratos, gravuras e estampas do Rio de Janeiro, todos arquivados e classificados.
Paralelamente às fotografias, Dunlop experimentava um súbito interesse pela escrita, já que, segundo parentes, seu dom era desenhar. Em março de 1940, ele imprimiu “Eletricidade e Gás”, um livro que reunia leis e contratos da Société Anonyme du Gaz, companhia de gás do Rio de Janeiro. Seguindo o viés da legislatura, Charles escreveu, ao longo das décadas de 40 e 50, diversos apontamentos sobre a iluminação da cidade e sobre a história das linhas de bonde. Adquirido o gosto pelas letras, Charles viu na criação de uma editora própria a possibilidade de comercializar seus livros com maior comodidade. No ano de 1957, Charles Julius Dunlop funda a Editora Rio Antigo e lança o livro “Subsídios para a História do Rio de Janeiro”, uma coletânea de seus apontamentos.
Antes de o ano acabar, a segunda edição do volume I do livro "Rio Antigo" já estava pronta e lançada pela Editora. Ao todo, Charles publicou 12 obras, algumas pela Editora, incluindo seu último trabalho, “Petrópolis Antigamente”, em três edições. Faleceu em 1987, em Corrêas, nas cercanias de Petrópolis.
Em 2008, ano do centenário de Charles, seus filhos lhe renderam homenagem com a republicação de “Subsídios para a História do Rio de Janeiro”.
Este portal é dedicado à obra de Charles Dunlop e aos amantes da cidade do Rio de Janeiro, seus historiadores, pesquisadores, cronistas e habitantes em geral.