Não se pode precisar ao certo a data em que começou a prática do futebol entre nós. Presume-se que tenha sido por volta de 1886, entre membros da colônia inglesa de São Paulo. Dois anos depois, foi ali fundado o “São Paulo Athletic Club”, cujo primeiro “ground” se instalou na antiga Chácara Dulley, em Bom Retiro. Mas, ou fosse pela pouca comunicabilidade natural dos ingleses, ou por outras quaisquer causas, o certo é que, durante cerca de dez anos, o futebol foi exclusivamente praticado por eles.
No Rio de Janeiro, coube a Oscar Cox a iniciativa de sua adoção, datando de 1897 a primeira tentativa para formação de um “team” de brasileiros. Em face, porém, da inexistência de um campo apropriado e, principalmente, pela falta de adeptos desse esporte, a bola que fora por ele mandada vir da Europa pouca aplicação teve.
Cox, entretanto, não desanimou e, quatro anos depois, conseguiu formar um conjunto, o primeiro no gênero organizado no Rio: Clyto Portella, “goal-keeper”, Victor Etchegaray e Walter Shuback, “backs”, Mário Frias, Oscar Cox e Mac Naegely, “halves”, Horácio da Costa Santos, Eurico de Moraes, Luiz Nóbrega, Júlio de Moraes e Félix Frias, “forwards”.
O primeiro jogo foi disputado em Niterói, na manhã do dia 1º de agosto de 1901, contra os ingleses do “Rio Cricket and Athletic Association”, terminando a peleja com um honroso empate de 1 x 1, “goals” de Julio de Moraes e Robinson. Assistiram a esse encontro apenas dezessete pessoas: onze tenistas que acidentalmente estavam na sede do Rio Cricket, quatro espectadores que seguiram especialmente desta Capital e dois indivíduos desconhecidos. Os quatro espectadores – os primeiros “torcedores” cariocas – foram o Sr. Etchegaray, pai de Victor; a senhorita Etchegaray, irmã do mesmo; Mário Rocha e Domingos Moutinho.
No ano seguinte, achando Oscar Cox que já se fazia necessário constituir uma agremiação brasileira dedicada ao “nobre esporte bretão” (era comum trocar-se o “britânico” por “bretão”), reuniu um grupo de amigos e, no dia 21 de julho de 1902, na residência do Sr. Horácio da Costa Santos, na rua Marquês de Abrantes n º 51, fundaram o Fluminense Football Club.
Compareceram a essa memorável reunião os Srs. Horácio da Costa Santos, Mário Rocha, Walter Shuback, Félix Frias, Mário Frias, Heráclito de Vasconcelos, Oscar A. Cox, João Carlos de Mello, Domingos Moutinho, Luiz Nóbrega Júnior, Arthur Gibbons, Virgílio Leite de Oliveira e Silva, Manoel Rios, Américo da Silva Couto, Eurico de Moraes, Victor Etchegaray, A. C. Mascarenhas, Álvaro D. Costa, Júlio de Moraes e A.A. Roberts. Foram todos considerados sócios fundadores, sendo Oscar Cox proclamado presidente.
Assim nasceu o primeiro clube de futebol carioca. A fotografia mostra o campo do Fluminense tal com era antigamente, vendo-se ao fundo a antiga rua Guanabara, hoje Pinheiro Machado. O prédio assobradado que aparece à direita era a residência do escritor, poeta, dramaturgo, orador e jornalista Henrique Maximiano Coelho Neto.
Como curiosidade da época, note-se o uniforme dos jogadores: calção abaixo dos joelhos, camisa de mangas arregaçadas e casquete na cabeça.