A história da Associação Cristã de Moços (ACM)

A Associação Cristã de Moços, prédio pioneiro na Esplanada do Castelo no Rio.
A Associação Cristã de Moços, prédio pioneiro na Esplanada do Castelo no Rio.

 

Foi um jovem de 23 anos, chamado George Williams (1821–1905), quem fundou, em Londres, no dia 6 de junho de 1844, a primeira Associação Cristã de Moços. Não tardou que surgissem filiais na França, Holanda, Estados Unidos, Canadá, Índia e Austrália, tornando o “acemismo” uma obra de âmbito mundial.

Primeira de todas as associações de caráter internacional, há hoje cerca de 10 mil ACMs, espalhadas em mais de 70 países, com um total superior a 4 milhões de sócios.

Seu fim é educar, seu lema é servir. Não tem intuitos comerciais nem políticos. Não faz, tampouco, propaganda religiosa, posto que tenha ideal religioso – por isso se chama Cristã. Seu emblema é um triângulo equilátero que mostra o equilíbrio dos valores básicos do indivíduo nos seus aspectos espiritual, intelectual e físico. Nesta harmonia encontra-se o homem integral que é, em síntese, o objetivo da Associação Cristã de Moços.

Na América do Sul, a primeira ACM surgiu no Rio de Janeiro a 4 de julho de 1893, numa pequena sala, no sobrado do antigo prédio n.º 79  da rua Sete de Setembro, escritório do Dr. H. C. Tucker. Fundaram-na os Srs. Myron Clark, Nicolau Soares do Couto, José Luiz Fernandes Braga (pai e filho), Manoel Fernandes Braga, o referido Dr. H. C. Tucker, Antônio Luiz Meirelles, Manoel de Camargo, José Antônio de Menezes, L. C. Irwing e Luiz de Paula e Silva, a eles se agregando como sócios fundadores mais 71 elementos de várias profissões.

Em 1896, foi adquirida a primeira sede-própria, na rua da Quitanda n.º 47. Aí viveu a Associação dias gloriosos.

A 22 de outubro de 1913, visitando o Brasil, o coronel Theodor Roosevelt, ex-presidente dos Estados Unidos, desembarcou no Arsenal de Marinha, onde foi recebido oficialmente, e se encaminhou diretamente para o prédio n.º 47 da rua da Quitanda, onde teve caloroso acolhimento. O discurso que o eminente estadista então pronunciou foi traduzido para o português, período a período, pelo Sr. Myron Clark, e teve o seguinte começo:

“Mr. Chairman, and you, my friends and hosts: I hope that the Young Men’s Christian Association will, among other things, prevent any from being so ignorant that he can only speak in his tongue. It is, indeed, a very great regret to me not to be able do speak in the Portuguese language without an interpreter!”

A noção de fraternidade, na  Associação Cristã de Moços, uma coisa real e imaculável. Todos ali se estimam, não há choques de interesse, nem podem medrar sentimentos egoísticos. É uma instituição ideal e, efetivamente, de uma vantagem extraordinária para os moços. Nada mais útil, numa grande cidade, onde vivem tantos jovens afastados das suas famílias. Refugiando-se em seu seio, nas horas de suspensão do trabalho, evitam o vício e as seduções malignas.

Dão seu apoio moral e material a este formoso estabelecimento comerciantes e industriais do Rio de Janeiro, que assim conseguem ver os seus empregados estudando e trilhando o caminho da decência e da honestidade.

Em 1929, a Associação Cristã de Moços mudou-se para a rua Araújo Porto Alegre n.º 36, na Esplanada do Castelo, onde foi pioneira (vide fotografia), e, recentemente, transferiu-se para sua nova sede, no vasto edifício da rua da Lapa n.º  40.

Três mudanças em 65 anos! Uma coisa, porém, nunca mudou: seus princípios morais e espirituais – razão mesma de sua existência.

 

(Do livro “Rio Antigo”, vol I, de C. J. Dunlop, 1963)